Frei Antonio Mozer e voluntários do SOS VIDA na Semana do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Católica de Petrópolis

Frei Antonio Mozer e voluntários do SOS VIDA na Semana do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Católica de Petrópolis

No dia 23 de setembro o Frei Antonio Mozer ministrou uma palestra na Semana do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Católica de Petrópolis. Com muita sapiência frei Mozer conseguiu envolver os estudantes dos cursos de Psicologia, Educação Física, Biomedicina e Fisioterapia da UCP, num momento de reflexão sobre o ser, sobre a vida e sobre os valores éticos e morais que envolvem a sociedade contemporânea, ou melhor, dizendo, que deveriam estar envolvidos na constituição do ser contemporâneo..

Os estudantes do curso de Psicologia e estagiários - voluntários do Grupo Assistencial SOS Vida, Ismael Eduardo Machado Damas, Felipe Barreiros Celestino e frei Mozer, presentearam o público com um debate sobre os livros “O enigma da Esfinge” e “Colhendo Flores entre Espinhos” de autoria do Frei Mozer.

Neste momento enriquecedor foi possível fazer uma reflexão sobre a existência do ser humano na sociedade contemporânea. Vive-se na era da descartabilidade, do vazio existencial e do consumismo, os seres humanos não têm mais tempo para um olhar introspectivo, não sabem na verdade quem realmente são. O respeito, a solidariedade, a amizade, o companheirismo... São valores que estão fragilizados e precisam ser reconstituído para que o ser humano possa de fato existir.


Mara Carneiro de Souza Noel
Coordenadora Geral de Estágios Básicos e Profissionais
Curso de Psicologia

RESUMO TRABALHO ESTAGIARIOS (AS) DO SETOR DE PSICOLOGIA DO GRUPO ASSISTENCIAL SOS VIDA – LEITURA DOS LIVROS:

Vulnerabilidade Social e AIDS, Igreja e AIDS : Muito alem do amor,

Manual de Adesão ao Tratamento para pessoas que vivem com HIV

Manual de Adesão ao Tratamento para pessoas que vivem com HIV

O diagnóstico do HIV ainda suscita nas pessoas muitas questões e desafios de natureza psicológica, social, cultural e econômica. Do ponto de vista da terapêutica e do tratamento, o momento atual tem mostrado avanços na produção de medicamentos mais potentes, com administração facilitada e com menos efeitos colaterais.
Infelizmente ainda existe muita discriminação e preconceito por parte da sociedade em relação às pessoas que vivem com HIV\AIDS, embora elas possuam os mesmos direitos da população geral e de existirem alguns direitos em vigência no país. Esses direitos são:
1- Benefícios assistências e previdenciários.
2- Auxílio doença.
3- Aposentadoria por invalidez.
4- Benefícios de prestação continuada (BPC).
Um ponto importante do tratamento é o início da TARV (terapia anti-retroviral), embora possa ser um dos momentos mais difíceis para quem vive com HIV, pois uma nova rotina deverá ser incorporada ao seu dia a dia. Os remédios podem fazê-lo lembrar a cada momento da própria soropositividade.
Existem também as situações de especial atenção, que são os casos de pessoas idosas, nos casos de maternidade e paternidade e também gestantes.
Acontecem os estados de depressão e ansiedade, é claro, como na população geral, também nos portadores de HIV.
É importante diferenciar casos de depressão de entristecimento comuns à vivência e dificuldades de aceitação da doença. O diagnóstico do HIV, freqüentemente causa um processo de luto, de situações de perda, concreta ou simbólica.
Devemos ficar atentos para o fato de que o cocktail, não represente a cura, ele apenas faz com que as pessoas infectadas possam viver por mais algum tempo. Por isso, é importante que essas pessoas se cuidem. Devem abandonar antigos hábitos, como o uso de bebidas alcoólicas, o fumo, as noitadas onde perdem o sono, que é importante para elas, como o descanso.
Além disso, os remédios desse cocktail são muitos fortes e acabam fragilizando alguns órgãos vitais, como: pulmões, rins, fígado e pâncreas, daí a importância da pessoa descansar e abandonar os antigos hábitos, como descrito acima.
Assim sendo, as doenças oportunistas não terão como se aproveitar da fragilidade desses órgãos, e se instalar no organismo das pessoas.

Vulnerabilidade Social e AIDS – O desafio da prevenção em tempos de pauperização.

“Para chegar antes que o vírus...” Este é o slogan que orientou e guiou a reflexão dos participantes nos dias de discussão no I Seminário de prevenção ao HIV/AIDS. O desafio de chegar antes que o vírus já vem sendo enfrentado por muitas organizações, com o grande objetivo de conter a epidemia.

Desde o início, a igreja vem dando sua contribuição, especialmente na acolhida, acompanhamento e ajuda às pessoas acometidas pela doença. Cresce atualmente a consciência não basta tratar os infectados. É preciso chegar antes que o vírus!

Não se pretendia chegar a conclusões derradeiras e definitivas, nem encontrar fórmulas fechadas e absolutas. O contexto exige flexibilidade, abertura, aprofundamento, elaboração e contínua retomada das práticas que visam a prevenção. E deve – se considerar a importância dos fatores diversidade da realidade, respeito à cultura, visão de mundo e opções pessoais.

Nas primeiras intervenções abordadas no Seminário, constatou – se ao traçar um perfil epidemiológico da doença, e as tendências atuais da epidemia que a AIDS atinge especialmente mulheres, pobres, com pouca escolaridade, e que o maior número de infecções está ligado a relações heterossexuais e uso de drogas injetáveis.

Tema do II Seminário de Prevenção (“Mulher e AIDS: Vulnerável, mas Protagonista.”) pesquisas nacionais e internacionais mostram também que a pauperização da epidemia se dá muito mais pelo viés feminino do que masculino e através dos usuários de drogas injetáveis. São as mulheres as mais atingidas pelo desemprego, pelas restrições do mercado de trabalho, falta de instrução, violência doméstica, prostituição, etc.

Em 2002, 42 milhões de pessoas, dos quais 36,6 milhões de adultos e 3,2 milhões de crianças com menos de 15 anos em todo o mundo, estavam com AIDS. Neste mesmo ano, 5 milhões foram infectados pelo vírus, sendo 4,2 milhões de adultos. É de conhecimento de todos que, atualmente, mais de 90% da pandemia está concentrada nos países em desenvolvimento, enquanto a maior parte dos recursos destinados ao seu controle está concentrada nos países desenvolvidos.

E como aconteceu no decorrer da história com outras epidemias, o poder dominante demonizou o HIV/AIDS, utilizando – se da epidemia como mais uma forma de dominação e controle social, através da discriminação e da intolerância em relação às pessoas afetadas. No entanto, grande parte dessas pessoas, principalmente aquelas diretamente afetadas, não se submeteram a este jogo, pelo contrário, fazendo uma análise retrospectiva, houve um longo caminho de lutas por parte das pessoas que vivem com HIV, bem como do seu entorno social, alcançando significativas conquistas na área dos direitos humanos e cidadania.

O enigma da AIDS teve, desde o início, uma conotação culpabilizante. Uma das características da discriminação associada à AIDS é que desde o início associou – se o HIV aos modos de vida, ou seja, “atos voluntários”.

Tratando das raízes do problema, vemos que o conceito de vulnerabilidade tem sua origem na área dos Direitos Humanos, designando originariamente: grupos ou indivíduos fragilizados, jurídica ou politicamente, na promoção, proteção ou garantia de direito à cidadania.

A epidemia de HIV/AIDS exige, de forma urgente, que se recuperem as populações mais vulneráveis da situação de exclusão, a fim de que elas mesmas tomem conta de sua saúde e de suas vidas. As bases da vulnerabilidade da infecção por HIV estão cimentadas sobre a exclusão e o estigma.

Desta forma, vemos que após a leitura de “Vulnerabilidade Social e AIDS – O desafio da prevenção em tempos de pauperização.” Foi possível ver o problema da AIDS de um prisma diferente do já apresentado no âmbito acadêmico e na experiência vivencial.

O psicólogo, assim como qualquer outro profissional que esteja tratando de pacientes acometidos por uma doença precisa ter consciência de que é importante ver os outros lados desta situação, sabendo do sujeito as aspirações, os desânimos, as frustrações e as ambivalências bem como entender e se abster da fragilidade que pode estar atingindo este cliente, já que sua angústia pode vir acompanhada de medo, solidão, frustrações, preconceitos. É preciso saber um pouco mais sobre esta pessoa, para saber o modo de abordagem e conduta com ela, e assim fazê – la refletir para além do que sente ou da idéia que tem de si.

Mais importante ainda é saber ao para tratar um paciente passando pela fragilidade de ser portador de AIDS, ou de qualquer DST ou outra doença precisamos ter em mente que ele é, acima de tudo um portador de suas histórias, vontades, conflitos, e que necessita ser escutado a partir desta perspectiva.

IGREJA E AIDS: MUITO ALÉM DO AMOR.

As instituições mencionadas no livro trabalham com vários programas de prevenção e acesso aos medicamentos para portadores do vírus HIV. Focam principalmente, reduzir o preconceito mostrando que nem todos os HIV positivos são promíscuos, mas que há como ser contaminado por transfusão de sangue, agulhas não esterilizadas, etc.
O lema da Pastoral da AIDS é: acolhimento, prevenção e assistência.
Há uma tendência do soropositivo ao isolamento social, por medo da rejeição, por isso é importante esse trabalho de acolhida.
O suporte religioso, ou seja, a fé ajudam na adesão e prevenção de novos contágios, através da divulgação dos valores cristãos.
Todas as faixas etárias correm risco de serem atingidas pelo vírus HIV, mulheres, entretanto, estão sendo cada vez mais atingidas, segundo o livro. A quantidade de idosos atingidos também tem crescido significativamente.
é maior o índice de infectados nas classes mais pobres e de pouca instrução.
A Casa Fonte Colombo oferece apoio emocional, psicológico, clínico e religioso a essas pessoas. Há depoimentos diversos de grande melhora na qualidade de vida desses pacientes que são assistidos pela instituição.
procura-se conscientizar sobre a poligamia, circuncisão e levirato (pratica judaica) e os riscos dessas práticas.
por fim é interessante ressaltar a escolha do título: muito além do amor, que foi dada ao livro. Esse título sugere que a técnica, a assistência, tudo o que for feito em favor dessas pessoas deve ser pautada no princípio maior que é o amor. Sem amor, caridade, entrega verdadeira por essas pessoas é em vão o trabalho voluntário.

Estagiários do setor de psicologia que participaram da capacitação e mesa redonda com Frei Antonio Mozer

  1. Aline Furtado Theodoro de Paula
  2. Tatiane de Paula Carneiro - UCP - 5º Período
  3. Marcelo Pereira da Silva de Abreu Teixeira
  4. Ana Paula da Silva Mina
  5. Leticia de Morais Sarmento Figueira
  6. Ismael Eduardo Machado Damas
  7. Jussara Bianchi Martins
  8. Felipe Barreiros Celestino
  9. Regina Barbosa do Nascimento Resende
  10. Simone de Oliveira dos Santos
  11. Mariana Garcia Pereira
  12. Maria do Carmo da Costa
  13. Fabiola Leandra B. Cordeiro
  14. Ernesto Heekert de Souza
  15. Gabriela Ximenes do Amaral
  16. Jaqueline da Rocha Pires
  17. Camila de A. Nunes
  18. Wellington M. de Oliveira
  19. Ana Paula Vieira Correa
  20. Ana Lucia Boia Soares
  21. Maria Helena Duriez
  22. Suellen Fernades de Oliveira